Foto e fragmento de biografia: wikipidea
VACHEL LINDSAY
( U. S. A. )
Nicholas Vachel Lindsay; 10 de novembro de 1879 - 5 de dezembro de 1931) foi um poeta americano . Ele é considerado um dos fundadores da poesia cantada moderna, como ele se referiu, em que os versos devem ser cantados ou entoados.
Enquanto em Nova York, em 1905, Lindsay voltou-se para a poesia a sério. Ele tentou vender seus poemas nas ruas. Auto-imprimindo seus poemas, ele começou a trocar um panfleto intitulado Rhymes To Be Traded For Bread , que ele trocou por comida como uma versão moderna autopercebida de um trovador medieval .
(...)
TEXTS IN ENGLISH – TEXTOS EM PORTUGUÊS
MARQUES, Oswaldino. Videntes e sonâmbulos: coletânea de poemas norte-americanos. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação, Miistério da Educação e Cultura, 1955; 300 p.
Ex. bibl. Antonio Miranda
THE EAGLE THAT IS FORGOTTEN
Sleep softly... eagle forgotten...
under the stone.
Time has it way with you there, and the
clay has its own.
"We have buried him now", though your
foes, and in secret rejoiced.
They made a brave show of their mourning,
their hatred unvoiced.
They had snaried at you, barked at you,
foamed at you day after day.
Now you wer ended. They praised you
... and laid you Away.
The others that mourned your in silence and
terror and truth,
The widow bereft of her crust, and the boy
without youth,
The mocked and the scorned and the
wounded, the lame and the
poor
That should have remembered Forever
... remembre no more.
Where are those lovers of yours, on what
name do they call,
The lost, that in armies wept over your
funeral pall?
They call on the names of a hundred high-
valiant ones,
A hundred White eagles have risen the sons
of your sons,
The seal in their wings is a zeal that your
dreaming began
The valor the wore out your soul in the
service of man.
Sleep softly... eagle forgotten...
under the stone,
Time has its way with you there and the
clay has its own.
Sleep on, O brave-hearted. O wise man,
that kindled the flame —
To live in mankind is far more than to live
in a name,
To live in mankind, far, far more...
than to live in a name.
TEXTOS EM PORTUGUÊS
A ÁGUIA ESQUECIDA
Dorme sossegada... águia esquecida...
sob a laje.
Lá o tempo é contigo e o barro
também age.
"Já o enterramos", pensam teus
inimigos e, em segredo, se rejubilam.
Publicamente demonstram tristeza,
ódio íntimo destilam.
Rosnavam contra ti, espumavam
Ladravam todos os dias à tua passagem.
Agora te acabaste. Eles te louvem
... e te deixam à margem.
Os outros que te choraram em silêncio,
terror e verdade,
A viúva sem migalha e o rapaz
sem mocidade,
O humilhado, o desprezado e o
ferido, o coxo e o pobre.
Que esquecer não deviam jamais
... não se lembram mais.
Onde estão os que te amavam, sob que
nomes se abrigaram,
Os exércitos de perdidos que sobre tua
mortalha choraram?
Seus nomes são os de uma centena de heróis
de alto brilho,
Numa centena de brancas águias tornaram-se, os filhos
dos teus filhos,
O fervor com que um dia sonhaste é o mesmo que
as asas lhes consome
A valentia que consumia tua alma
a serviço do homem.
Dorme sossegada.. águia esquecida...
sob a laje.
Lá o tempo é contigo e o barro
também age.
Dorme, Ó bravo coração, Ó sábia criatura
que acendeu a flama —
Viver na humanidade é mais do que viver
num nome,
Viver na humanidade é mais, muito mais...
do que viver num nome.
Trad., de Emílio Carrera Guerra
LINDSAY, Nicholas Vachel. Congo Negro. Tradução de Luci
Collin. Edição bilingue. Capa e projeto gráfico: Ronaldo
Machado e Ronald Augusto, editores. Porto Alegre: Editora
Éblis, 2009. 32 p. (Coleção Tradução ) Tradução de "The
Congo – a study of the Negro Race"
Ex. bibl. Antonio Miranda
"The Congo – a study of negro race é o poema mais significativo da
obra de Vachel Lindsay. A intensidade rítmica do poema, que a pre-
sente tradução procurou, na medida do possível, recriar, faz dele uma peça poética para ser lida em voz alta, e quase cantada, ou até
mesmo gritada, como queria Lindsay. As indicações de leitura á mar-
gem do poema, indissociáveis do corpo do texto, indicam o ritmo e
o tom de voz a ser empregado, pede que a voz invada o texto, per-
turbando uma recepção mais racional, na busca do arrebatamento e
do delírio." Os editores
THEIR IRREPRESSIBLE HIGH SPIRITS
Wild crap-shooters with a whoop and a call Rather shrill
Danced the juba in their gambling-hall and high.
And laughed fit to kill, and shook the town,
And guyed the policemen and laughed them down
With a boomlay, boomlay, boomlay, BOOM.
THEN I SAW THE CONGO, CREEPING Read exactly
THROUGH THE BLACK, as in first
CUTTIN THROUGH THE FOREST WITH A section.
GOLDEN TRACK.
A negro fairyland swung into view, Lay emphasis
A minstrel river on the delicate
Where dreams come true. ideas. Keep as
The ebony palace soared on high light-footed as
Through the blossoming trees to evening sky. possible.
The inlaid porches and casements shone
With gold and ivory and elephant -bone.
And the black crowd laughed till their sides were sore
At the well-known tunes of the parrot band
At the baboon butler in the agate door,
And the well-known tunes of the parrot band
That trilled on the bushes of that magic land.
A troupe of skull-faced witch-men came With
Through the agate doorway in suits of flame, pomposity.
Yea, long-tailed coats with a gold-leaf crust
And gats that were covered with diamond-dust.
And the croud in the court gave a whoop and a call
And danced the juba from wall to wall.
But the witch-men suddenly stilled the throng With a great
With a stern cold glare, and a stern old song:— deliberation and
"Mumbo-Jumbo will hoo-doo you."… ghostliness.
Just then from the doorway, as fat as shotes With overwhelming
Came the cake-walk princes in their long red coats, assurance
Canes with a brilliant lacquer shine. and pump.
And tall silk hats that were red as wine.
And they pranced with their butterfly partners there, With growing
Coal-black maidens with pearls in their hair, speed and sharply
Knee-skirts trimmed with the jessamine sweet, marked dance-rhytm.
And bells on their ankles and little black feet.
And the couples railed at the chant and the frown
Of the witch-men lean, and laughed them down.
(O rare was the revel, and well worth while
That made those glowering witch-men smile.)
The cake-walk royalty then began
To walk fir a cake that was tall as a man
To the tune of "Boomlay, boomlay, BOOM,"
While the witch-men laughed, with a sinister air,
And sang with the scalawags prancing there:—
***
Tradução de Luci Collin:
SUA VIVACIDADE IRREPRIMÍVEL
Selvagens jogam dados aos gritos e berros Com som
Dançam o maculelê na sala de jogos agudo e alto.
Riem às gargalhadas e perturbam a cidade,
Ganham dos meganhas e os calam com o alarde
Com um tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, TUUM.
ENTÃO EU VI O CONGO SERPEAR DENTRO Ler como
DO NEGRO, na primeira
CORTANDO A FLORESTA NUMA TRILHA parte.
D´OURO.
Um reino encantado dos negros se apresenta Ênfase nas
Um rio menestrel idéias sutis.
Onde os sonhos acontecem. O mais vivo
O palácio de ébano se eleva nas alturas possível.
Onde os sonhos acontecem.
O palácio de ébano se eleva nas alturas
Chega ao céu noturno pelas árvores floridas.
Portas e janelas adornadas e brilhantes
Com ouro, marfim e ossos de elefantes.
E o tropel de negros riu até ficar engasgado
Do criado-babuíno na porta de esmaltado,
E do canto repetido dos jurus em bando
Trinando nas moitas deste reino encantado.
Surge uma trupe de encovados feiticeiros Com
Pelo pórtico esmaltado em trajes fulgurosos pompa
Sim, com trajes a ouro folheados
E chapéus com pó de diamante recamados.
E o bando no paço berra e braveja
E dança o maculelê pra cá e pra lá.
Mas, súbito os feiticeiros calmam a multidão De modo
Olhar sério e frio, entoam a séria canção:... resoluto e
"Mumbo-Jumbo faz vodum em você"... Com opressiva
TEXT IN ENGLISH - TEXTO EM PORTUGUÊS
LINDSAY, Nicholas Vachel. Congo Negro. Tradução de Luci Collin. Edição bilingue. Capa e projeto gráfico: Ronaldo Machado e Ronald Augusto, editores. Porto Alegre: Editora Éblis, 2009. 32 p. (Coleção Tradução ) Tradução de “The Congo – a study of the
Negro Race” Ex. bibl. de Antonio Miranda
THE CONGO NEGRO
THEIR BASIC SAVAGERY
I
Fat black bucks in a wine-barrel room,
Barrel-house kings, with feet unstable,
Sagged and reeled and prounded on the table I deep rolling
Beat an empty barrel with the handle of a broom, bass.
Hard as they were able,
Boom , boom, BOOM,
With a silk umbrella and the handle of a broom,
Boomlay, boomlay, boomlay, BOOM.
THEN I had religion, THEN I had a vision.
I could not turn from their revel in derrison.
THEN I SAW THE CONGO, CREEPING More deliberate.
THROUGH THE BLACK, Solemnly chanted
CUTTING THROUGH THE FOREST WITH A
GOLDEN TRACK.
Then along that riverbank
A thousand miles
Tattooed cannibals danced in files;
Then I heard the boom of the blood-lust song
And a thigh-bone beating on a tin-pan gong. A rapidly piling,
And “BLOOD” screamed the whistles and the climax of speed
fifes of the warriors, and racket.
“BLOOD” screamed the skull-faced, lean witch-doctors,
“Whirl ye the deadly voo-doo rattle,
Harry the uplands,
Steal all the rattle-rattle,
Bling.
Boomlay, boomlay, boomlay, BOOM.”
A roaring, epic, rag-time tune With a
From the mouth of the Congo philosophic
To the Mountains of the Moon. pause.
Death is an Elephant,
Torch-eyed and horrible, Shrilly and
Foam-flaked and terrible. With a heavily
BOOM, steal the pygmies, accented
BOOM, kill the Arabs, metre.
BOOM, kill the white men,
HOO, HOO, HOO.
Listen to the yell of Leopold´s ghost Like the
Burning in Hell for his hand-maimed host. wind in the
Hear how the demons chuckle and yell chimney.
Cutting his hands off, down in Hell.
Listen to the creepy proclamation
Blown through the lairs of the forest-nation,
Blown past the white-ants´hill of the clay,
Blown past the marsh where the butterflies play:—
“Be careful what you do
Or Mumbo-Jumbo, God of the Congo, All the o
And all of the other sounds very
Gods of the Congo, golden. Heavy
Mumbo-Jumbo will hoo-doo you, accents very
Mumbo-Jumbo will hoo-doo you, heavy. Light
Mumbo-Jumbo will hoo-doo you, accents very
Mumbo-Jumbo will hoo-doo you, light. Last line
whispered.
II
THEIR IRRSEPRESSIBLE HIGH SPIRITS
Wild crap-shooters with a whoop and a call Rather shill
Danced the juba in their gambling-hall and high.
And guyed the policimen and shook the town,
With a boomlay, boomlay, boomlay, BOOM.
THEN I SAW THE CONGO, CREEPING Read exactly
THROUGH THE BLACK, as in first
CUTTING THROUGH THE FOREST WITH A. section.
GOLDEN TRACK.
A negro fairyland swung into view Lay emphasis
A minstrel river on the delicate
Where dreams come true. Light-footed as
The ebony palace soared on high possible.
Through the blossoming trees to the evening sky.
The inlaid porches and casements shone
With gold and ivory and elephant -bone.
And the black crowd laughed till their sides were sore
At the baboon butler in the agate door,
And the well-known tunes of the parrot band
That trilled on the bushes of that magic land.
III
THEIR HOPE OF THEIR RELIGION
A good old negro in the slums of the town Heavy bass
Preached at a sister for her velvet gown. With a literal
Howled at a brother for his low-down ways, imitation of
His prowling, guzzling, sneak -thief days. camp-meeting
Beat on the Bible till he wore it out racket, and
Starting the jubilee revival about. Trance.
And some had visions, as they stood on chairs,
And sang of Jacob, and the golden stairs,
And they all repented, a thousand strong
From their stupor and savagery and in and wrong
And slammed with their hymn books till they shook the room
With “glory, glory, glory,”
And “Boom, boom, BOOM.”
THEN I SAW THE CONGO, CREEPING Exactly as in the
THROUGH THE BLACK, first section. Begin
CUTTING THROUGH THE JUNGLE WITH A with terror and
GOLDEN TRACK. Power, end with joy.
And the gray sky opened like a new-rent veil
And showed the apostles with their coats of mail.
In bright white steel they were seated the Congo wound.
And the twelve Apostles, from their thrones on high
Thrilled all the forest with their heavenly cry:— Sung to the tune of
“Mumbo-Jumbo will die in the jungle; “Hark, ten thousand
Never again will he hoo-doo you, harps and voices.
Never again will he hoo-doo you.”
Then along that river, a thousand miles With growing
The vine-snared trees fell down in files. Deliberation an joy.
Pionner angels cleared the way
For a Congo paradise, for babes at play,
For sacred capitals, for temples clean.
Gone were the skull-faced with-men lean.
There, where the wild ghost-gods had wailed In a rather
A million boats of the angels sailed high key – as
With oars do silver, and prows o blue delicately as
And silken pennants that the sun shone through. possible
´Twas a kabd transfigured, ´twas a new creation.
Oh, a singing wind swept t he negro nation
And on through the backwoods clearing flew:—
“Mumbo-Jumbo is dead in the jungle. To the tune of
Never again will he hoo-doo-doo you. “Hark, ten thousand
Never again will he hoo-doo-doo you,” harps and voices.”
Redeemed were the forests, the beasts and the men,
And only the vulture dared again
By the far, lone Mountains of the Moon
To cry , in the silence, the Congo tune:—
“Mumbo- Jumbo will hoo-doo you, Dying dow into
“Mumbo- Jumbo will hoo-doo you, a penectranting,
Mumbo… Jumbo… will… hoo-doo… you.” Terrified whisper.
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Luci Collin.
CONGO NEGRO
SUA SELVAGERIA ESSENCIAL
Negros corpulentos numa cava de vinho,
Reis do cabaré, ginga nos pés,
Volvem, revolvem e batem na mesa, Um baixo
Percutem a mesa, percutido.
Com um cabo de vassoura batem num tonel vazio,
Forte o quanto podem,
Tuum, tumm, TUUM,
Com um cabo de vassoura e com um guarda-chuva,
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, TUUM.
ENTÃO percebo a religião, ENTÃO eu tive uma visão.
Não posso me safar de sua mofa de satisfação.
ENTÃO EU VI O CONGO SERPEAR DENTRO Mais devagar
DO NEGRO, Cantar solene.
CORTANDO A FLORESTA NUMA TRILHA
D´OURO.
Então naquelas margens
Por muitas milhas
Canibais pintados dançavam em filas;
Então tora a canção da sede de sangue
E um fêmur bate num gongo estridente. Climax cumulativo
“SANGUE” berravam as flautas dos de velocidade e
guerreiros, clamor.
“SANGUE” gritavam caveirosos feiticeiros,
“Girai o fatal chocalho vodum,
Pilhai as terras altas,
Roubai todo o gado,
Chocalhai o chocalho,
Vai.
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, TUUM”.
Um épico ragtime vivo e sincopado Como uma
Vem da foz do Congo pausa
Às Montanhas da Lua. meditativa.
A Morte é um Elefante,
Com olhos-tocha e horrível , Agudo e
Espumento se terrível. com ritmo
TUUM, roubar pigmeus, bem
TUUM, roubar árabes, marcado.
TUUM, matar brancos,
HUU, HUU, HUU.
Ouçam o fantasma de Leopoldo a berrar Como o
Por mãos mutiladas foi pro inferno queimar. vento pela
Escutem os risinhos e os urros dos demônios chaminé
Cortam-lhe as mãos lá no fundo dos Infernos.
Ouçam a horrenda proclamação,
Sussurrada pelas covas da selvagem nação,
Sussurrada além dos murundus de cupim,
Sussurrada além das borboletas no apecum:—
“Cuide com o que faz,
Ou o Mumbo-Jumbo, Deus do Congo, Sem muito
E todos os outros vivos. Sílabas
Deuses do Congo, fortes bem
Mumbo-Jumbo faz vodum em você, fortes. Sílabas
Mumbo-Jumbo faz vodum em você, fracas.
Mumbo-Jumbo faz vodum em você, Último verso
sussurrado.
II
SUA VIVACIDADE IRREPRIMÍVEL
Selvagens jogam dados aos gritos e berros Com som
Dançam o maculelê na sala de jogos agudo e alto.
Riem às gargalhadas e perturbam a cidade,
Ganham dos meganhas e os calam com o alarde
Com um tuum-tá, tuum-tá, tuum-tám TUUM.
ENTÃO EU VI O CONGO SERPEAR DENTRO Ler como
DO NEGRO, na primeira
CORTANDO A FLORESTA NUMA TRILHA parte.
D´OURO.
Um reino encantado dos negros se apresenta, Ênfase nas
Um rio menestrel idéias sutis.
Onde os sonhos acontecem. O mais vivo
O palácio de ébano se eleva nas alturas possível.
Chega ao céu noturno pelas árvores floridas.
Portas e janelas adornadas e brilhantes
Com ouro, marfim e ossos de elefantes.
E o tropel de negros riu até ficar engasgado
Do criado-babuino na porta de esmaltado,
E do canto repetido dos jurus em bando
Trinando nas moitas deste reino encantado.
Surge uma trupe de encovados feiticeiros Com
Pelo pórtico esmaltado em trajes fulgurosos, pompa.
Sim, com trajes a outro folheados
E chapéus com pó de diamante recamados.
E o bando no paço berra e braveja
E dança o maculelê pra cá e pra lá.
Mas, súbito os feiticeiros calmam a multidão De nodo
Olhar sério e frio, entoam uma canção:— resoluto e
“Mumbo-Jumbo faz vodum em você”. ... fantasmagórico.
Nisso, da porta, gordos como bacorinhos,
Entram reis do cake-walk em fraques rubros Com opressiva
A camada de verniz botou brilho em seus bastões convicção, vigor
E de seda cor de vinho são seus chapelões. E pompa.
E se exibem com os amigos, feito borboletas,
Pérolas nos cabelos das donzelas carvoentas, Com velocidade
E perfume de jasmim que emana das suas saias crescente e ritmo
Pezinhos negros e nos tornozelos as guizeiras. de dança bem
E os casais praguejavam contra o canto e a carranca marcado.
Dos bruxos calados por tanta risada.
(Que farra fabulosa, que jogo vantajosos
Que pôs nos carrancudos feiticeiros um sorriso!)
Os reis do calk-walk se dirigem a seguir
A um bolo quase impossível de medir
Ao som do “Tuum-tá”, TUUM,”
Enquanto os feiticeiros riem um riso assustador,
E cantam com os cafajeste que se agitam ao redor:–
“Ande com cuidado, cuide como anda, Com um
Ou o Munbo-Junbo, Deus do Congo, toque de
E todos os outros dialeto negro
Deuses do Congo, quanto
Mumbo-Jumbo faz vodum em você. possível em
Cuidado, cuidado, caminhe com cuidado, direção ao
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, tuum. fim.
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, tuum.
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá, tuum.
Tuum-tá, tuum-tá, tuum-tá,
TUUM.”
Que farra fabulosa, que jogo vantajoso, Com
Que pôs nos carrancudos feiticeiros um sorriso. serenidade
filosófica.
III
A ESPERANÇA DA RELIGIÃO
Um bom negro velho faz a pregação no gueto Contrabaixo.
Contra aquela irmã em vestes de veludo. Imitando o
Pela vida abjeta vocifera contra o irmão, clamor e o
Na vadiagem, bebedeira e com conduta da ladrão. transe de um
Bate na Bíblia até a capa ficar gasta culto ao ar livre.
Proclamando a renovação ele exulta.
Em pé nas cadeiras, visões alguns tinham,
E Jacó na Escadaria para o Céu louvavam,
E todos se arrependeram profundamente
Batiam com os hinários e a sala tremia
Com “Glória, glória, glória,”
E “Tuum, tuum, TUUM.”
ENTÃO EU VI O CONGO SERPEAR DENTRO Como na primeira
DO NEGRO, a seção. No início,
CORTANDO A SELVA NUMA TRILHA potente e intimidante
D´OURO. ao final, com alegria.
E o céu cinzento, como véus sendo rasgados,
Mostrou os apóstolos com mantos entrançados.
Sentados à roda de um brilhante
Seus olhos candentes vêem o Congo supurante.
Abalavam a floresta com rogos celestiais:— Cantado ao som
“Mumbo-jumbo vai morrer na selva; de “Glória, glória
Nunca mais faz vodum em você, aleluia”.
Nunca mais faz vodum em você.”
Ao longo do rio, milhares de milhas Com crescente
Videiras trançada caíram em filas. Cuidado e enlevo.
Anjos condutores continuam a avançar
Prum Éden no Congo, pra crianças a brincar,
Pros centros sagrados e templos imaculados.
Os caveirosos feiticeiros estão acabados.
Ali, onde os espíritos selvagens pranteavam Num tom
Milhares de barcas com anjos deslizavam maios alto – o
Com remos de prata e proas em azul mais alto – o
E flâmulas de seda traspassadas pelo sol mais delicado
Terra transfigurada, hora de renovação. o possível.
Oh, um vento sibilante varre a negra nação
E pelas clareiras nas matas ecoava:—
Mumbo-jumbo está morto na selva. Ao som de
Nunca mais faz vodum em você. “Glória, glória,
Nunca mais faz vodum em você.” aleluia”.
Selva, feras, homens são redimidos,
E sói o abu tre ousou ainda assim
Nas remotas e ermas Montanhas da Lua.
Gritar no silêncio, a toada do Congo:—
“Mumbo-Jumbo faz vodum em você. Extinguindo-se
Mumbo-Jumbo faz vodum em você. nem sussurro
Mumbo-Jumbo... Jumbo... faz... vodum...em você. pungente
e assustador.
*
VEJA e LEIA outros poetas de PORTUGAL em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/portugal/portugal.html
Página publicada em abril de 2023
*
VEJA E LEIA outros poetas do mundo em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/poesiamundialportugues/poesiamundialportugues.html
Página publicada em junho de 2027
|